Dra. Camilla Olivares

Ovário policístico é uma condição vista no ultrassom em que aparecem múltiplos pequenos cistos nos ovários. Porém isso não quer dizer necessariamente que a pessoa tenha a síndrome dos ovários policísticos, que é uma condição mais complexa.

O médico que acompanha e trata a ovários policísticos é o ginecologista

Dra Camilla Olivares é especialista em ginecologia e obstetrícia .

Mestrado e Doutorado em Ginecologia.

Título de especialista (RQE 47344).

Mais de 15 anos de experiência.

Pós graduação em longevidade saudável.

Atendimento humanizado.

A síndrome dos ovários policísticos

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, até 13% da população feminina em idade reprodutiva recebe o diagnóstico da síndrome dos ovários policísticos, porém esse número pode ser muito maior e chegar ate 70%, sendo muitos casos não diagnosticados corretamente.

É uma doença de alteração hormonal, que acomete em sua grande maioria mulheres em idade reprodutiva, podendo os sintomas se iniciarem ainda na adolescência. E esses sintomas podem variar em diferentes épocas da vida da mulher, ou seja, não são constantes, dificultando muitas vezes o diagnóstico.

A causa exata não é completamente conhecida, mas há fatores genéticos e ambientais envolvidos, como obesidade e resistência a insulina.

Sintomas

Em sua maioria, os sintomas estão relacionados ao aumento dos hormônios andrógenos (masculinos), destacando-se entre eles:

  • irregularidade menstrual, podendo ficar meses sem menstruar
  • queda de cabelos (também chamada de alopecia)
  • surgimento de pêlos no rosto (hirsutismo)
  • acne
  • maior oleosidade da pele
  • dificuldade para engravidar
  • ganho de peso

Impacto na saúde emocional

A síndrome dos ovários policísticos ( que muitos conhecem como SOP) não afeta apenas a saúde física, mas também pode ter um impacto significativo na saúde mental e emocional. Mulheres com SOP têm maior risco de desenvolver depressão, ansiedade e distúrbios alimentares. A percepção social e o estigma associados aos sintomas como o excesso de pelos (principalmente em face), acne e obesidade podem contribuir para uma baixa auto estima e dificuldade com a imagem corporal.  

Causa dos ovários policísticos

A causa da síndrome dos ovários policísticos é complexa e multifatorial. Fatores genéticos e principalmente ambientais desempenham um papel significativo no desenvolvimento da condição. A resistência a insulina é um ponto chave e importantíssimo que não pode ser desconsiderado! A resistência a insulina é a condição em que o corpo trabalha em ritmo mais acelerado que o habitual produzindo mais insulina na tentativa de manter os níveis de glicose no sangue normal. Essa compensação funciona por um tempo variado (anos até), porém a chance do seu corpo não conseguir sustentar essa situação e desenvolver diabetes é considerável.

Consequências da síndrome dos ovários policísticos

Devido às alterações hormonais, as mulheres com diagnósticos de síndrome dos ovários policísticos têm maior propensão a desenvolverem outras doenças como:

  • Diabetes tipo 2
  • hipertensão arterial
  • doença cardíaca
  • câncer de endométrio (que é a camada que reveste a parte interna do útero)
  • ansiedade, depressão e alterações na auto estima

Dra Camilla Olivares

Ginecologista há 15 anos

Mestre e Doutora em Ginecologia e Obstetrícia

Adepta da Medicina Funcional e Preventiva: prevenir é a melhor forma de não ter que tratar uma doença.

Como é feito o diagnóstico de síndrome dos ovários policísticos?

O diagnóstico da síndrome dos ovários policísticos envolve a presença de 2 dos 3 sinais abaixo:

1- sinais de aumento dos hormônios masculinos como acne, aumento de pilificação principalmente em face, queda de cabelo (depois de excluídas outras causas),

2- menstruações espaçadas ou ausentes (depois de excluídas outras causas),

3- ultrassonografia com múltiplos pequenos cistos nos ovários (os famosos ovários policísticos)

Portanto, nem todas as mulheres com a síndrome dos ovários policísticos tem a ultrassonografia com os microcistos nos ovários e nem toda mulher com os microcistos nos ovários tem a síndrome dos ovários policísticos.

Outro ponto importante, principalmente na adolescência é que as irregularidades de ciclo menstrual são muito comuns nessa fase e convencionou-se que o diagnóstico ao ultrassom de ovário policístico só deve ser feito após 8 anos do início da menstruação, pois nessa fase o corpo e o eixo de produção hormonal ainda está em “adaptação”. Por exemplo: uma menina que menstrua aos 12 anos, só pode ter o diagnóstico ultrassonográfico de ovários policísticos a partir dos 20 anos. Isso ocorreu pois houve um boom de casos de diagnóstico de síndrome dos ovários policísticos em adolescentes, que incorreu em tentativas de tratamentos sem sucesso e no estigma eterno dessas adolescentes com esse diagnóstico.

Tem tratamento?

A síndrome dos ovários policísticos não tem uma cura medicamentosa definitiva. Como a base da condição é o aumento da resistência a insulina, a primeira conversa com a paciente e sua família envolve mudança no estilo de vida. Melhorar alimentação e iniciar prática de atividade física são a base para a melhora dos sintomas. A maioria deseja um medicamento milagroso para resolver o problema, porém não há como resolver a causa sem mudança de hábitos. A perda de peso melhora a resistência à insulina e reduzir os níveis de andrógenos.

Seguimento com nutricionista funcional pode auxiliar no planejamento de uma dieta adequada e personalizada e que geralmente envolve redução de carboidratos.

Redução da inflamação causada pelas questões de base da síndrome (resistência insulínica). Além de mudança do estilo de vida, podemos incluir algumas estratégias naturais que ajudam no combate à inflamação e oxidação como cúrcuma, e outros antioxidantes.

Outras terapias complementares são benéficas como a fitoterapia, que se baseia no uso de plantas medicinais como o agnocasto e a cimicífuga por exemplo. Além disso acupuntura pode contribuir para melhorar os níveis de stress e a ansiedade e o uso de alguns suplementos nutricionais.

E o anticoncepcional?

Os anticoncepcionais NÃO tratam o problema. Ele irá apenas controlar o seu ciclo menstrual enquanto for usado, não resolvendo as causas do problema. Quando parar o uso, os sintomas voltarão. Sim, é muito mais fácil usar a pílula do que mudar parâmetros e hábitos de vida. Porém há um preço a ser pago pela manutenção da resistência à insulina, sedentarismo, sobrepeso e desequilíbrio hormonal. O caminho é longo, muitas vezes difícil, porém muito recompensador. Converse com seu médico e se possível tenha uma nutricionista no seu auxílio!

Tenho ovário policístico. Poderei engravidar?

A síndrome dos ovários policísticos pode cursar com infertilidade ou maior dificuldade em engravidar por causar uma anovulação, ou seja, a mulher não ovula regularmente. Porém ela pode ter um ciclo com ovulação normal e engravidar. Lembrando que devido aos outros comemorativos que podem estar presentes como sobrepeso, resistência a insulina, diabetes tipo 2, caso a mulher engravide sem a compensação dessas questões, a gestação pode ter um risco maior de complicações. Cuide da sua saúde hoje, para não precisar cuidar da sua doença amanhã!

A Síndrome dos Ovários Policísticos é uma condição complexa que requer uma abordagem multidisciplinar para o diagnóstico e tratamento. Compreender os sintomas, causas e opções de tratamento pode ajudar as mulheres a gerenciar melhor a condição e melhorar sua qualidade de vida. A colaboração entre pacientes e profissionais de saúde é essencial para desenvolver um plano de tratamento personalizado e eficaz. Procure ajuda!

Faça o que ninguém mais pode fazer por você! Comece o quanto antes!

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